quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Aula_08 de Setembro


Aula de Reposição_Sala 510

Projeto Rádio Ao vivo

A Entrevista


100 Dicas para melhorar sua prática
Notícias
100 Dicas para melhorar sua prática
24 de Junho de 2005, 12:12


1. A entrevista não é uma arte nem uma ciência. Não é uma arte no sentido de que o artista nasce com um dom. Não é uma ciência no sentido de que se baseia em experiências que podem ser repetidas - no jornalismo, coisas que funcionaram na semana passada podem não dar certo hoje.

2. A entrevista é uma destreza, uma habilidade. O bom entrevistador se treina.

3. Todos nós temos uma habilidade natural para conversar, para sociabilizar. Ela é a base para fazer reportagem. Um bom entrevistador não pode ser tímido, retraído. Mas dá para aprender, dá para melhorar. Escrever e editar é só a metade do trabalho.

4. Não vá na conversa do "seja você mesmo". Entrevistar não tem nada a ver com ser você mesmo. O jornalismo, quando faz uma entrevista, tem que representar um papel - o papel do entrevistador. Tem que ser diferente a cada pessoa que entrevista ou a cada circunstância que seu trabalho determina.

5. O jeito de andar por uma sala ou escritório cria um efeito "estou aqui". Seja positivo, confiante e entusiástico. É contagioso.

6. Seja sempre profissional com o entrevistado. Não entre em intimidades. Mantenha uma ligeira formalidade.

7. Sua primeiras palavras - antes mesmo das perguntas - definem um clima. Insista no bom humor até o entrevistado entrar no seu astral.

8. Mas evite contar piadas. Você pode ter senso de humor, mas não apele.

9. Dê sempre ao entrevistado a impressão de que ele é importante, e não que está sendo usado como trampolim para você chegar a fontes mais quentes.

DOMINE SUA VOZ

10. Você aprende a fazer boas entrevistas fazendo entrevistas horríveis. Para melhorar, experimente observar seu próprio desempenho. Grave sua voz, ouça as fitas, avalie seu trabalho.

11. Também funciona gravar sua voz ao telefone e depois ouvir como ela soa.

12. Evite falar monotonamente. Varie o ritmo e o tom de suas palavras para passar uma impressão de entusiasmo e ganhar a simpatia do entrevistado.

13. Não seja uma metralhadora verbal. Quando você fala pausadamente, o entrevistado fica mais à vontade. E ele pode desacelerar também, o que facilita as anotações e deixa mais clara a gravação.

14. Evite ficar ruminando pausas verbais do tipo "hum, hum", "o senhor sabe", "entendo", que desviam a atenção do entrevistado.

CONTROLE OS NERVOS

15. Um rosto de pedra pode não ser interpretado como objetividade jornalística, mas como sinal de que você morre de tédio. Em geral, quanto mais animada sua expressão facial, mais chance você tem de conseguir boas respostas.

16. Sorria sempre que seja o caso. Dê impressão de estar se divertindo com as respostas do entrevistado.

17. Mantenha o controle emocional durante a entrevista. Não fique irrequieto, não tamborile pés e mãos, não ande desnecessariamente. Todos os seus movimentos e gestos devem ter um significado calculado.

18. Tente eliminar a barreira que o separa do entrevistado. Evite começar a entrevista com uma mesa de reunião entre vocês. Muito melhor é sentar ao lado dele num sofá.

19. Contato visual é um meio de comunicação. Use-o . Olhe o entrevistado nos olhos. Se você for tímido, fixe o olhar numa das pálpebras do entrevistado, nos seus óculos ou em outro detalhe facial.

20. Se o entrevistado não fuma, não fume, para não incomodá-lo e não despertar sua antipatia, pressa ou má vontade.

21. Lembre-se de seu objetivo durante a entrevista. Você está atrás de uma entre duas coisas - informação ou intimidade do entrevistado.

22. Tenha um comportamento profissional. Sua credibilidade depende de seu senso de organização. Se você revira os bolsos atabalhoadamente à procura da caneta ou toma notas num cupom, de estacionamento, está perdido.

23. Seja curioso sobre tudo, mostre-se interessado ao entrevistado. Não pareça distraído ou preguiçoso.

24. Por meio de sua atitude, dê ao entrevistado a sensação de que está mais empenhado em entender o que ele diz do que com suas próprias necessidade ou sua ansiedade.

PONHA A VERGONHA DE LADO, E VÁ!

25. Curve-se e rasteje, se necessário, para conseguir sua entrevista. Mostre-se disponível para qualquer hora e local, carregue a mala do sujeito se preciso.

26. Não use a palavra "entrevista". Diga que você quer informações. "Entrevista", quando solicitada ao telefone, pode até parecer pedido de emprego.

27. O fax pode ser usado com sucesso para pedir a entrevista.

28. Se você encontra muita dificuldade em chegar a um entrevistado, mande-lhe um telegrama, o que produz um efeito dramático. Esses pedacinhos de papel costumam ir para o alto da pilha de correspondência diária.

29. E-mails também funcionam.

30. Adiante-se. Nunca chegue em cima da hora. E, atrasado, jamais.

31. Tenha três ou quatro boas perguntas prontas já na hora de pedir a entrevista. Pode ser sua única chance de falar com a fonte.

TRACE UMA ESTRATÉGIA PARA AS PERGUNTAS

32. Tente controlar o fluxo da conversa. Comece agradecendo. Dê ao entrevistado algumas informações a seu respeito.

33. Sua primeira pergunta deve cativar o entrevistado. Não faça uma pergunta preguiçosa, algo que o currículo dele já contém - ou que, por alguma razão, você já deveria saber.

34. Em vez disso, deixe claro ao entrevistado que você fez a lição de casa e pergunte sobre um fato do começo da carreira dele (que você pesquisou, obviamente). Ele ficará impressionado.

35. Tenha à disposição um estoque de perguntas-padrão: gostos e preferências do entrevistado, seus maiores erros, seus maiores acertos, como ele se vê daqui a cinco anos etc.

36. É melhor escrever antecipadamente as perguntas, mesmo que você não venha a tirá-las do bolso. Cuidado: não ponha no papel as perguntas mais delicadas.

37. Use perguntas "quando" para levar o entrevistado a pensar em termos de tempo e lugar ou de eventos específicos. Perguntas "como" para levantar detalhes concretos. E perguntas "por que" para obter mais considerações abstratas.

38. Num pacote de entrevistas planejadas para uma matéria, comece pelas fontes amistosas. Com elas você recolhe informações que podem ser úteis para lidar, depois, com as fontes inamistosas.

39. Comece por baixo e vá subindo gradualmente. Não entreviste primeiro o presidente da companhia.

40. Crie no seu computador um arquivo para perguntas, que devem ser atualizadas com freqüência. Se você fez uma entrevista com um ambientalista, por exemplo, essas perguntas podem ser arquivadas em A (de ambiente). Quando esse assunto, ou um tema próximo, voltar a ser o objeto de uma entrevista, você já terá um ponto de partida arquivado.

SEJA DISSIMULADO

41. Não abra suas intenções às fontes. Basta ser genérico sobre o assunto que vai abordar. Não precisa entrar em detalhes e revelar a pauta.

42. Se não houver outro jeito, dê por escrito ao entrevistado uma visão geral, ou mesmo organizada em tópicos, da entrevista que você quer fazer. Isso preserva sua credibilidade. Mas só em casos extremos mostre as perguntas - até para manter, na hora da entrevista, a liberdade de deixar alguma de lado.

43. Não dê a um entrevistado a impressão de que você está falando de outras fontes pelas costas. Ele pode achar que também será tratado do mesmo modo.

44. Não mostre ao entrevistado as declarações que ele fez. Ao ver o que disse, ele pode querer voltar atrás ou mudar a declaração. E você fica com reputação de mole.

45. Se o entrevistado insistir, limite-se a contar-lhe genericamente os temas que vão entrar na matéria.

46. Só mostre declarações para conferir sua exatidão. Em matérias técnicas ou científicas não há problema.

47. Defina muito bem para a fonte o que é off the record. Deixe claro, antes da entrevista, que o off é apenas o compromisso de não revelar a fonte - e não o compromisso de não publicar a informação.

48. Se o entrevistado responde simplesmente com um "sem comentário", alerte-o de que isso também é um modo de comentário.

49. Com gente famosa, faça primeiro perguntas sobre coisas que a imprensa ainda não cobriu.

50. Seja polido diante de respostas chatas ou que denotam vaidade excessiva - mas, logo em seguida, faça a conversa voltar ao rumo desejado.

51. Prepare um cartão com dez itens de interesse para a matéria e use-o para desviar o rumo da entrevista quando ela está parada num assunto só.

52. Nesse mesmo caso, em vez de insistir com perguntas, tente destravar o entrevistado fazendo-o discorrer sobre tópicos: "Que tal falar da Austrália?"

53. Se o entrevistado continua travado, pergunte outra coisa e volte ao tema mais tarde. Então, refaça a pergunta com outras palavras. Em último caso, telefone depois.

54. Dê discretos sinais de aprovação ao entrevistado. Algumas vezes a fonte precisa disso - mas não se trata, é claro, de concordar com ela. Basta uma observação do tipo "Que interessante".

55. Decodifique o jargão usado pelo entrevistado. "Ajude-me a encontrar palavras que os leitores possam entender", pela a ele.

56. Observe as maneiras e tiques do entrevistado. Gestos, trejeitos, modo de falar compõem a descrição do personagem.

57. Pergunte ao entrevistado o que ele estava pensando enquanto fazia isso ou aquilo. Só assim você pode atribuir pensamentos aos personagens de sua matéria. Grandes jornalistas americanos, como Gay Talese e Tom Wolfe, usam essa técnica.

58. É enganador e antiético botar palavras na boca de um entrevistado. Você perguntou ao ator Warren Beatty: "O senhor não acha que chocolate é melhor do que baunilha?". Ele apenas balançou a cabeça afirmativamente. Isso não quer dizer que você possa escrever: "Eu acho que chocolate é melhor do que baunilha", diz Warren Beatty. Você só pode relatar que ele balançou a cabeça.

59. Diante de informações reservadas, que o entrevistado tenha soltado sem querer, disfarce sua excitação. Faça uma cara de jogador de pôquer e vá em frente.

60. Às vezes, a pressão do prazo de fechamento funciona como argumento para arrancar respostas rápidas.

61. Ainda mais quando a fonte resiste e você acrescenta o seguinte argumento: "Seu competidor está cooperando muito comigo".

62. Se a sua matéria mudar de rumo, avise as fontes que vão ficar fora dela.

TRATE PERGUNTAS DELICADAS COM DELICADEZA

63. Deixe essas perguntas do quanto possível para o fim da entrevista. E, se necessário, deixe a porta aberta para declarações em off.

64. Cuidado com perguntas delicadas. Se tiver alguma a fazer, conduza a entrevista de modo que o entrevistado entre no assunto sem ser perguntado diretamente.

65. Ou espere que o entrevistado fale algo que sirva de gancho para você fazer a pergunta sensível.

66. Uma boa saída é deixar "outra pessoa" fazer a pergunta por você: "Seu concorrente afirma que o senhor..."

67. Se faça de bobo e de ingênuo em certas perguntas. Quase sempre sai alguma coisa interessante.

68. Entreviste ex-empregados. Eles costumam ser boas fontes sobre seus antigos empregadores.

MONTE UM KIT ENTREVISTA

69. Não use fitas e gravadores baratos. Recomendo fitas Maxell ou TDK. Não recomendo o uso de fitas que tenham duração superior a 90 minutos. Rompem-se com facilidade.

70. Use gravadores pequenos, mas não os micros, que são muito frágeis. Recomendo o Sony TCM 80 V, de gravação contínua. Custa mais de 200 dólares.

71. Cuidado para não deixar a fita derreter dentro de seu carro estacionado ao sol.

72. Monte um kit de entrevista para carregar com você: gravadores e fitas extras, pilhas, fios de extensão, microfone de lapela, bloco de notas, câmaras, notebook e caneta.

73. Guarde seu material de entrevista num armário ou gaveta por segurança e agilidade. Uma valise ou maleta pode ser usada para guardar seu kit de entrevistas.

74. Deixe tudo pronto, inclusive duplicatas de segurança, para você sair correndo atrás da notícia a qualquer instante.

75. Preveja as condições em que será feita a entrevista e prepare-se. Decida se vai usar microfone embutido ou de lapela. Este é melhor para carros em movimento e nos casos em que há ruídos próximos.

76. Cuidado com entrevistas em carro em movimento, especialmente se você for o motorista. Janela aberta faz barulho. Olhe para a frente, não para o entrevistado.

77. Passe logo a fita a limpo para não perder o clima e as palavras mal pronunciadas.

78. Por precaução, copie a fita de uma entrevista muito importante antes de ouvi-la: você pode cometer algum erro e apagar um trecho.

79. Se o seu entrevistado está apreensivo com o seu gravador, você pode tranqüilizá-lo com estas garantias: "Só estou usando isto para ser 110% preciso" ou "Eu mesmo farei uma cópia da fita para seus arquivos, se desejar", ou "Eu serei a única pessoa a ouvir".

80. Anote enquanto grava. Lembre-se de que o gravador grava, mas não vê. Você anota os gestos, caras e movimentos da fonte durante a entrevista, o clima, como é o local etc. E também as informações que você irá usar na abertura da entrevista.

81. Não comece a gravar em qualquer ponto da fita. Parta do início e zere o marcador. Durante a entrevista, anote num papel o número do marcador (o "velocímetro" do gravador) referente às declarações mais quentes para sua matéria. Procurá-las à unha, depois, é muito chato. Essas anotações são também um bom roteiro.

ESTUDE O LOCAL

82. Ao planejar a entrevista, tente pensar no lugar em que ela será realizada e selecione o equipamento adequado.

83. Restaurantes, por exemplo, muitas vezes são barulhentos.

84. Vá antes, estude o ambiente, fale com o garçom.

85. Fuja do ar-condicionado por causa do barulho.

86. Fique num canto discreto, longe do movimento que desvia sua atenção e a do entrevistado.

87. Se puder, faça-o sentar-se voltado para a parede - isso fará com que ele fique concentrado em você, e não cumprimentando conhecidos que chegam.

88. Comece com petiscos para ganhar tempo. Se for possível, zele para que os pratos pedidos não atrapalhem a fala de seu entrevistado. Espaguete é um deles.

ARMADILHAS TELEFÔNICAS

89. As entrevistas feitas pessoalmente dão credibilidade a você. Mas muitas vezes os telefonemas posteriores a essa primeira conversa vão render mais.

90. Crie sua própria "caverna" para entrevistas telefônicas: um lugar confortável, sem ruídos, com bons fones de ouvido.

91. Entrevista por telefone é mais rápida do que a entrevista pessoal, é mais direta, mas você precisa ter mais perguntas à mão.

92. Se você deseja gravar a entrevista telefônica, seja ético. Pergunte ao entrevistado se ele concorda.

93. Tenha prudência ao telefone. Você também pode estar sendo gravado.

94. Ao telefone, senão puder gravar, use a máquina de escrever ou o computador.

95. Não coma ou faça outras coisas durante a entrevista telefônica. Concentre-se. Evite distrações e desvios. O tempo disponível para você se distrair é enorme: o ser humano médio tem a capacidade de compreender 600 palavras por minuto (no caso, o entrevistador), e uma pessoa só fala, em média, 160 por minuto (no caso, o entrevistado).

96. Faça o principal por telefone, mas peça ao entrevistado que indique um auxiliar para tratar de detalhes. Por exemplo, a cor local: como é o gabinete do entrevistado ou que vista ele tem de sua mesa de trabalho.

QUANDO VOCÊ SÓ DEPENDE DA MEMÓRIA

97. O que fazer quando surge uma situação em que não dá para usar gravador nem tomar notas? Trate de anotar enquanto as informações ainda estão quentes em sua memória.

98. Faça as anotações enquanto (e se) a fonte vai ao banheiro.

99. Peça licença, você, para ir ao banheiro e aproveite para rabiscar em seu bloco de notas palavras-chaves que facilitem a reconstituição da entrevista mais tarde.

100. Logo depois da entrevista, dite ao gravador tudo que está em sua memória. Não perca tempo. Faça isso, por exemplo, enquanto dirige o carro de volta à redação.


Fonte: Curso Abril de Jornalismo

Nenhum comentário:

Postar um comentário