quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Manual_08_Rádio Nacional

Rádio Nacional do Rio de Janeiro: um símbolo da Era de Ouro


Às 21h do dia 12 de setembro de 1936, um gongo soou três vezes e ao som de Luar do Sertão, o anúncio: "Alô, alô, Brasil! Aqui fala a Rádio Nacional do Rio de Janeiro"! Era o nascimento de uma potência, a PRE-8, adquirida por apenas 50 contos de réis da Rádio Phillips.

No dia 8 de março de 1940, através do Decreto-Lei 2.073, o Governo de Getúlio Vargas assumiu o controle da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A partir de então, a programação passou por profundas transformações. Exemplo: os artistas da emissora, em vez de receberem cachês por apresentação, ganharam contratos assinados. Alguns deles, ainda, eram exclusivos da casa e só se apresentavam na concorrência com a devida autorização da Nacional.

Com a ajuda do Governo Federal e das verbas publicitárias, a Nacional chegou ao posto de maior emissora do País. Programas musicais, de auditório, humorísticos, radionovelas e jornalísticos invadiram os lares de milhares de brasileiros, devidamente conquistados pela magia sonora do Rádio.

Outras emissoras comerciais em todo o Brasil também faziam muito sucesso: Rádio Mayrink Veiga e Rádio Tupi (Rio de Janeiro), Rádio Record (São Paulo), Rádio Gaúcha (Porto Alegre), Rádio Tabajara (João Pessoa), Rádio Difusora (Maceió). Em Pernambuco, os ouvintes se dividiam entre as rádios Clube, Tamandaré e Jornal do Commercio.

Nos musicais, a Rádio Nacional consagrou cantores como Francisco Alves ("O Rei da Voz"), Orlando Silva ("O Cantor das Multidões"), Cauby Peixoto ("O Rei do Rádio"), Carmélia Alves ("A Rainha do Baião"), Ademilde Fonseca ("A Rainha do Chorinho"), Emilinha Borba ("A Favorita da Marinha"). Esta última, durante anos, disputou com Marlene, Dalva de Oliveira e Ângela Maria a glória de ser coroada Rainha do Rádio.



Programas de auditório, como os de Paulo Gracindo e César de Alencar, lotavam os estúdios da emissora (localizados no último andar de um prédio da Praça Mauá, no Rio de Janeiro) e lançaram a figura das "macacas de auditório", que integravam a platéia da Rádio Nacional.

Com o sucesso, as filas para assistir os programas ficaram tão grandes, que a entrada, antes gratuita, passou a ser paga. Entre os programas humorísticos, os de maior sucesso nacional foram:

- PRK-30 = Comédias que satirizavam a programação da Rádio Nacional
- Jararaca & Ratinho = Dupla caipira que cantava fatos e destaques da Política
- Balança, mas não Cai = Tinha grande elenco de atores e cantores e o
destaque "primo pobre e primo rico"

As radionovelas também encantaram os ouvintes da Nacional. A primeira foi Em Busca da Felicidade, que ficou no ar por quase dois anos, entre junho de 1941 e maio de 1943. A escritora Janete Clair, que décadas mais tarde ficaria famosa com as telenovelas da Rede Globo, começou sua carreira na Rádio Nacional.

As novelas exigiram melhorias no desenvolvimento de uma técnica muito importante para o rádio: a Sonoplastia (imitação artificial de um som real). O sonoplasta Edmo do Vale, por exemplo, montou na garagem de sua casa uma oficina repleta de objetos capazes de imitar ruídos de tempestades, cascos de cavalo, incêndios. A sonoplastia ajudava o ouvinte a imaginar cada cena da novela, criando climas de romance, terror e suspense.

Fonte: FERRARRETTO, Luiz Artur. Rádio: Veículo, História e Técnica
Site Mídia Rádio
TAVARES, Reynaldo. Histórias que o Rádio não contou.

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